sexta-feira, 14 de agosto de 2009

GESTÃO EXECUTIVA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: A ATUAÇÃO DAS ASSESSORIAS EXECUTIVAS EM PROGRAMAS DE QUALIDADE NO SETOR JURÍDICO

Resumo expandido publicado no I COGEX – I CONGRESSO REGIONAL DE GESTÃO EXECUTIVA/UNICENTRO – Realizado de 22 a 26 de setembro de 2008

OLIVEIRA, Denise da Silva de.; NONATO JUNIOR, Raimundo. Gestão Executiva e Qualidade de vida no trabalho: a atuação das assessorias executivas em programas de qualidade no setor jurídico. I COGEX – I Congresso Regional de Gestão Executiva - UNICENTRO. Guarapuava, 2008. 

Palavras-chave: Qualidade de Vida, Secretariado Executivo, Setor Jurídico.

Introdução:


O presente trabalho traz uma análise dos resultados preliminares insurgidos a partir de uma pesquisa que busca relacionar a inserção da Assessoria Executiva nos programas de Gestão de Pessoas, e em especial a ocorrência destas políticas no ramo jurídico. A referida pesquisa vem ocorrendo na disciplina de Estágio Supervisionado em Secretariado, e é fruto das observações feitas em uma empresa do setor jurídico localizada na cidade de Guarapuava. Tenciona-se demonstrar a maneira com que a Assessoria Executiva pode intervir na gestão da qualidade de vida no ambiente de trabalho em um escritório jurídico de grande porte. Para tanto, as pesquisas de campo, bibliográfica e documental vêm resultando na formatação do Relatório de Conclusão de Curso que pretende aclarar o papel do profissional de Secretariado Executivo na Gestão de Pessoas presente na referida empresa.
Os profissionais de Secretariado Executivo vêm buscando, nas últimas décadas, demonstrar sua relevância não somente na execução de tarefas rotineiras, fato este que demanda cada vez mais destes profissionais versatilidade para atuarem de maneira coerente nas mais diversas situações presentes no ambiente de trabalho. E mesmo que de forma ainda um pouco lenta, o profissional de Secretariado vem conseguindo ganhar espaço no mercado de trabalho por ser alguém flexível, capaz de adaptar-se aos mais variados conjuntos circunstanciais, ou seja, o profissional de Secretariado Executivo deixa de ser visto sob enfoque meramente “mecânico” passando a atuar de maneira significativa nos diferentes níveis setoriais existentes em uma empresa.
Verifica-se que no cenário empresarial o termo qualidade passou a fazer parte não apenas dos produtos finais, mas, sobretudo, têm-se buscado gerenciar a qualidade da principal matéria prima existente em uma empresa: o ser humano. Weil (1993) assegura que, o homem aceita cada vez menos ser tratado como simples componente de uma engrenagem. Ele quer saber por que e para quem trabalha. Como conseqüência disso, somente aceitará trabalhar em organizações que cultivem valores construtivos e que lhe permitam desempenhar seu potencial integralmente. Dessa forma, a qualidade de vida no trabalho passou a ser entendida como parte dos processos cotidianos nas empresas, mas não como uma obrigatoriedade e sim como algo necessário para a subsistência do ser humano em sociedade.
A partir de então, estes profissionais vêm se deparando com algumas questões que passaram a existir em seus locais de trabalho: como aproximar as ferramentas de Gestão de Qualidade à assessoria executiva de forma efetiva? Em qual aspecto os programas de qualidade de vida no ambiente de trabalho jurídico implementados pelo profissional de Secretariado Executivo diferem daqueles desenvolvidos por outros colaboradores da empresa?
Tencionando encontrar sinais que revelem de maneira esclarecedora as indagações acima elencadas, tem-se realizado uma pesquisa investigativa que visa suscitar e avaliar como a configuração das políticas/programas de qualidade podem estar facilitando o desenvolvimento empresarial a partir de uma ótica secretarial. A referida averiguação vem ocorrendo desde o mês de abril na cidade de Guarapuava – Paraná.

Método



Esta investigação vem sendo desenvolvida por meio de pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, em três etapas distintas: 1) Investigação teórico-bibliográfica (em livros, revistas especializadas, sites e artigos científicos que abordem a Gestão da Qualidade de Vida no ambiente organizacional); 2) Investigação Documental (análise crítico-referencial das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Secretariado Executivo e em documentação cedida pela empresa na qual vem ocorrendo o período de estágio), tencionando mapear e transversalizar, a partir dos referidos documentos, as atribuições da profissão secretarial às questões presentes na relação qualidade de vida no setor jurídico; 3) Investigação de Campo, por meio de observação participante no cotidiano de uma empresa do ramo jurídico que implementa diversos programas de qualidade para seus colaboradores.
Futuramente será feita uma entrevista com o diretor geral da empresa para averiguações a respeito da criação dos programas de qualidade e suas origens bem como serão entregues questionários a um porcentual amostral dos colaboradores visando compreender a efetividade ou não no uso de tais programas.


Resultados e Discussão



As considerações preliminares que emergiram a partir da pesquisa bibliográfica apontam para a existência de um elo indissociável entre os programas de qualidade a ações internas que conduzem ao aumento da produtividade na organização, porém, mesmo com essa união, os programas de qualidade vêm direcionando seu enfoque para fator humano. Tais programas necessitam ser pensados sob um enfoque que enfatize o comprometimento de gestores capacitados e engajados na cultura organizacional presente, pois, gerir programas de qualidade representa iniciar uma cadeia de significativas mudanças no quadro atual de qualquer empresa. Estas políticas podem ser entendidas como o conjunto decisório coerente regido por princípios de qualidade preestabelecidos, com o desígnio de atingir e resguardar um equilíbrio diligente entre objetivos, metas e atividades na esfera organizacional.
Durante as observações participantes realizadas, percebeu-se que existe uma demanda para a criação de mecanismos eficientes na gestão de pessoas, uma vez se tem conhecimento de que atualmente a implantação de programas voltados para a qualidade de vida no ambiente organizacional é tarefa do setor de Recursos Humanos (RH), encarregado de mapear, a partir de situações problemáticas, possíveis ferramentas para a resolução de questões insurgidas na empresa. Porém, o setor de Recursos Humanos, em determinados contextos, acaba por implementar programas que visam qualidade de maneira aleatória, ou seja, segue-se um modelo pré-existente que aparentemente obteve sucesso em outra empresa tendo convicção que este programa alcançará os mesmos resultados em qualquer circunstância. Diante desta conjuntura apreende-se que existe demanda para que o Assessor Executivo atue de maneira mais enfática no que diz respeito à aplicabilidade de políticas que tencionem alargar os vínculos entre gerência e demais setores.
Aliando conhecimentos teóricos aos observacionais percebeu-se que o material coletado não conseguiria, por si só, responder às indagações insurgidas no início da pesquisa, dessa maneira, tem-se buscado transversalizar as atribuições da profissão secretarial e as questões presentes na relação qualidade de vida e setor jurídico a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Secretariado Executivo. Neste parecer homologado e aprovado em 11/03/2004 consta a reflexão a partir de uma dinâmica que contemple os distintos perfis de atuação determinados pela sociedade nessa diversidade das alterações sociais, tencionando estar compatíveis com as reais demandas emergentes. Ou seja, no referido documento inclui-se o perfil desejado dos formandos em Secretariado Executivo, salientando que a proposta desta graduação é formar bacharéis com real formação geral e, sobretudo humanística, ampliando uma postura reflexiva e crítica que promova a capacidade de gerir e administrar tantos processos quanto e pessoas. Assim, o assessor executivo, configura-se antes de tudo como um gestor do conhecimento (NONATO JÚNIOR, 2008).
Pode-se dizer que o entendimento desta capacidade de gerir e administrar processos e pessoas representa a atuação nos diferentes setores que compõem uma empresa, incluso o Recursos Humanos, e especificamente o RH de escritórios de advocacia, ou seja, espera-se que o assessor executivo possa promover diálogos intersetoriais objetivando qualificar e até mesmo humanizar os processos empresariais cotidianos.
A partir das considerações e observações acima elencadas têm-se aprofundado, na referida pesquisa, questões referentes à qualidade de vida, sua efetividade e correlação com o ambiente organizacional jurídico, uma vez que, um dos desafios que seguramente marcará o século XXI é o de como inventar e disseminar uma nova organização, capaz de alçar a qualidade de vida e do trabalho, fazendo alavanca sobre a força silenciosa do desejo de felicidade (DE MASI 2000, p.330).


Considerações Finais


Usar o capital intelectual que uma empresa possui a seu favor é uma atitude que deve ser tomada senão, a partir de uma gestão do conhecimento eficiente, fator este que contemporaneamente pode ser visto como um diferencial entre as organizações. LACOMBE e HEILBORN (2006, p.492), ressaltam que os conjuntos de esforços em prol da qualidade de vida necessitam ser ordenado sistematicamente, no intento de se aproveitar da melhor maneira possível todo o talento e competência contidos em seus próprios colaboradores. A boa utilização dessa ferramenta que agrega valor às atividades empresariais não pode ser mensurada, uma vez que esse elemento não pertence à organização, mas sim às pessoas que nela estão inseridas, justificando-se assim a substancial importância de tanto o profissional como a sociedade administrativa compreenderem que a qualidade de seus produtos e serviços depende, em grande parte, da qualidade de vidas das pessoas que produzem e prestam esses serviços.
Até o momento, tem-se verificado que a qualidade de vida no trabalho não é nenhuma quimera ou privilégio apenas de grandes empresas, a exemplo disso um escritório jurídico de uma pequena cidade vem implantando, desde sua configuração, programas que auxiliam o desenvolvimento pessoal e profissional de seus colaboradores, despertando assim o interesse das pessoas em fazer parte do quadro de funcionários da empresa. Tal organização parece inovar o cenário jurídico de Guarapuava ao adotar procedimentos que motivem seus funcionários a realizar as atividades rotineiras pautadas em premissas que visam tanto qualidade de serviços quanto das próprias pessoas envolvidas no processo.
O papel do assessor executivo neste contexto pode ser entendido como um elo de ligação entre os setores, porém, esta certamente não é sua única atribuição. A presença da assessoria executiva na implementação de ferramentas gestoras de qualidade no setor jurídico pode vir a representar a desconfiguração da unidimensionalidade humana, mediando enfoques mais amplos e conseqüentemente, mais abrangentes.

Referências



DE MASI, Domenico. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. 3ª ed, Rio de Janeiro: Editora José Olympio Ltda. e Brasília: Edit. da UNB, 2000.
LACOMBE, F.J.M; HEILBORN, G.L.J. Administração: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2006.
NONATO JÚNIOR, Raimundo. Epistemologia do Secretariado Executivo: por uma teoria do conhecimento em Secretariado. FENASSEC, 2008. Consultado em 20/10/2008. Disponível em: www.fenassec.com.br
WEIL, Pierre. Relações humanas na família e no trabalho. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1993.

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